sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Yellow flowers



       Havia uma rua, quase deserta, com árvores (repletas de flores amarelas) por toda a sua extensão. Era noite, mas havia algo de diferente nela, um brilho especial, um cheiro azul.
       Um pouco mais à frente pude notar duas "quase-pessoas" flutuando, batendo suas asas e, assim, seguindo pela extensão da rua. Acho que eram humanos.
       Notei que ela olhava fixamente para as flores amarelas, como que hipnotizada. Ele, percebendo isso, colheu algumas e lhe deu, dizendo: "Pegue-as. São suas. Percebi que você estava encantada com elas.". Ela, sem pensar muito, respondeu: "Obrigada!, mas eu não estava encantada com as flores, eu estava encantada com seus olhos.".
       Porém de repente, não mais que de repente, ele observou que as flores e as mãos dela estavam se unindo, transformando-se em uma única coisa. Seus dedos começaram a ficar marrons e suas unhas verdes. Sem dúvida ela estava virando uma árvore. Seus pés eram, agora, raizes e seus longos cabelos, galhos. Na extensão destes surgiam flores amarelas.
       Ele começou a chorar, assustado com tal acontecimento; sentiu-se de mãos atadas. Não sabia o que fazer, pois também estava encantado pelos olhos dela. Tentou sacudí-la, gritar para a lua. Mas esta não estava se importando muito com isso. Tentou usar magia.
       Nada adiantou.
       Ela havia virado uma árvore.
       Uma árvore com flores amarelas na extensão de seus galhos.
       Ele colheu uma flor e, por instantes, poderia jurar que havia visto os olhos dela na flor. Talvez fosse apenas impressão. Cheirou uma flor e pode constar que elas possuiam o mesmo perfume dela.
       Ele chorou.
       O tempo passou, mas, mesmo assim, ele visitava aquela árvore todos os dias. Ia voando direto para lá, para regá-la. Para não deixá-la morrer.
       Passaram-se os anos e sua hora chegou. Ele se foi. terminou de regar a árvore e se foi. Neste mesmo instante a árvore também se foi.
       Um andarilho que por ali passava, poderia jurar que viu uma árvore e uma "quase-pessoa" transformarem-se em algo com asas.
       Ninguém nunca acreditou nele.
      Mas ele não estava se importando muito com isso.




"O destino tem um jeito cruel de ir enredando você. Tem horas que um homem precisa lutar e tem horas que ele precisa aceitar a derrota para o destino. O navio passou. Somente um tolo persiste."

Um comentário:

  1. "O destino tem um jeito cruel de ir enredando você. Tem horas que um homem precisa lutar e tem horas que ele precisa aceitar a derrota para o destino. O navio passou. Somente um tolo persiste."

    td bem...eu sempre fui um tolo mesmo...

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