domingo, 5 de dezembro de 2010

E aos poucos ela foi morrendo...

   
      E aos poucos ela foi morrendo...
     Um pouco a cada dia, para não ficar muito visível. Foi deixando isso e aquilo de lado; foi parando com as risadas, com os sorrisos, com o cheiro da tarde, com as manias. Foi parando com tudo. Bem devagar.
     E aos poucos ela foi morrendo...
    Foi sumindo um pouco a cada dia, foi se importando um pouco menos a cada dia, foi se perdendo um pouco a cada dia, até, quase, sumir por completo. Agora isso era como um vício: queria ir com isso até o fim, teria que ir com isso até o fim. Teria que sumir de vez. Mas bem devagar, para que ninguém notasse.
     E aos poucos ela foi morrendo...
    Os corvos foram levando o que ainda restava dela, de forma bem discreta e lenta. Foram pegando pedaços que não fizessem muita falta e a cada pedaço retirado, um sorriso vazio.
     E aos poucos ela foi morrendo...
     Suas vontades foram diminuindo, sua cabeça foi ficando mais pesada e seu corpo começava a entrar em sintonia com a sua alma, ou seja, começava a ficar morto.
     E aos poucos ela foi morrendo...




3 comentários:

  1. Esse parece profundo! morre-se um pouco e vive-se em função de outra coisa ;) hahahha
    Ficou legal fran , um pouco melancolico.

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